PARÓQUIA DE CRISTO RESSUSCITADO URUCURITUBA AM

HISTORIA DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL

 

Pe. José Oscar Beozzo

 

Muitos critérios poderiam, com legitimidade, (residir a uma periodização e a uma interpretação da HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL. Para a elaboração duma síntese, não devendo ultrapassar cinqüenta páginas, resolvemos postular um olhar bastante abrangente, que mostrasse ao longo destes quatro séculos, a articulação entre a IGREJA e a SOCIEDADE.

Dizendo isto, queremos privilegiar a Igreja enquanto INSTITUIÇÃO que se apresenta portadora de uma MISSÃO em relação à SOCIEDADE. Neste sentido daremos especial atenção a dois pontos:

a)                    A relação da Igreja, enquanto Missionária, com os diferentes grupos, classes sociais e com a so­ciedade global;

b)                    O grupo que dentro da Igreja, em cada época, foi portador privilegiado do seu impulso missionário.

Acrescentaremos dois outros pontos cruciais para a definição do seu lugar na sociedade brasileira, sua relação para com o poder político, o Estado, e para com o poder religioso, a Santa Sé.

Em função deste critério missionário, explicitado em quatro pontos, propomos o seguinte recorte no tempo:

  1. 1.      1500-1871: do descobrimento à virtual extinção da escravidão pela Lei do Ventre Livre. A pre­sença da Igreja na esfera religiosa e social (através do Padroado e de sua posição de reli­gião oficial do Estado e da Nação) é hegemôni­ca e incontestada.
  2. 2.      1871-1930: da questão religiosa à revolução de 1930.- Da hegemonia à concorrência no campo religioso (protestantismo), político (liberalismo, republicanismo), social (maçonaria) e ideo­lógico (liberalismo e positivismo). Fim da união entre a Igreja e o Estado, e sua exclusão do aparelho do Estado e da sociedade oficial.
  3. 3.      1931-1964: Reinserção privilegiada da Igreja a nível da Sociedade e virtual aliança com o Estado.
  4. 4.      1965-1978: Vaticano II, Medellín. Fim da aliança entre a Igreja e o Estado, reconciliação cem os vários segmentos da sociedade civil, ecume­nismo e compromisso com a justiça, os direitos humanos e reivindicações populares.

1. PRIMEIRO PERÍODO: 1500 - 1871

 

Neste arco bastante amplo que abrange quase quatro séculos, o que domina a sociedade do ponto de vista ECONÔMICO e SOCIAL é o MODO DE PRODUÇÃO ao mesmo tempo COLONIAL, isto é, produzindo fundamentalmente para a metrópole e para seus interesses; e ESCRAVISTA, isto é, baseando-se primordialmente na exploração do trabalho sob o regime jurídico e social da ESCRAVIDÃO. Em 1850, com o fim do tráfico negreiro o regime sofre um golpe decisivo, enquanto a Lei do Ventre Livre de 21/09/1871, decreta sua virtual extinção. Em 1871, a população escrava representa apenas 15% do total e às vésperas da abolição em 1888, não vai alem de 5%.

Neste primeiro período, precisamos distinguir al-;uns momentos chaves:

1.1. 1500 - 1530: PRIMEIRO MOMENTO CHAVE

 

O contato entre o navegante português e a nova terra é episódico, em busca apenas de explorar a costa e de retirar o PAU-BRASIL. O indígena é o colaborador indispensável do mercador. O contato ê relativamente pacífico e se desenvolvem entre os índios e os portugueses, mas também franceses, formas de cooperação e aliança. Alguns FRANCISCAN0S acompanham as tripulações dos barcos e ensaiam o contato com o indígena, mas ainda não há fixação de religiosos e implan­tação de um projeto missionário.

1.2. 1531 - 1707: SEGUNDO MOMENTO CHAVE

 

Início da empresa colonial com Martim Afonso de Souza e mais tarde com Tomé de Souza. Com o 1º Governador Geral chegam à Bahia em 1548, os primeiros missionários JESUÍTAS e tem início a catequese no Brasil. O indígena é um obstáculo que se interpõe entre o colonizador e a terra. Para apossar-se da terra é preciso "AMANSAR" o índio, faze-lo retirar-se para o interior ou massacrá-lo. Alternam-se estratégias. Onde falha a catequese que faz do índio bravo um índio manso, do gentio um cristão, do nômade um sedentário e mão de obra para os engenhos e serviços dos colonos, entra em jogo a estratégia da violência e do massacre. Em toda a historia a linha que separa uma estratégia da outra é muito tênue e depende da resistência que o indí